

Aron Bollmann
OURO DO MADEIRA
Rio Madeira
Rio Madeira, principal afluente do Amazonas, tem 1.700 quilômetros de extensão
e chega a medir 1,5 km de largura.
O admirável rio Madeira
O rio Madeira, o segundo maior rio da Amazônia, é considerado um tesouro de biodiversidade, abrigando mais de 750 espécies estimadas de peixes, 800 de aves, e várias outras espécies, muitas ameaçadas, outras tantas desconhecidas. Sua bacia cobre cerca de um quarto da 2 Amazônia brasileira, e abrange uma área de 1,5 milhões de km divididos entre os territórios doPeru, da Bolívia e do Brasil. É formada pelos rios Guaporé, Mamoré e Beni, originários dosplanaltos andinos.
O rio Madeira é o principal afluente do Rio Amazonas, tem 1.700 quilômetros deextensão, vazão média de 23 mil m /s e chega e medir 1,5 km de largura. Responde por cerca de 15% do volume de água e 50% de todo o sedimento transportado pelo Amazonas para o Oceano Atlântico. Esta enorme carga de sedimentos regula toda a dinâmica biológica das grandes áreas alagadas de várzea ao longo dos rios Madeira e Amazonas.
Um tesouro ameaçado
O rio Madeira está ameaçado por grandes projetos de infra-estrutura relacionados aoComplexo hidroelétrico e Hidroviário do Rio Madeira, projeto âncora da Iniciativa de Integração da Infra-estrutura Sul-americana (IIRSA). Este complexo inclui a construção, na Amazônia Brasileira, das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, que juntas somariam 6.450 MW de potência instalada; de uma terceira hidrelétrica no trecho entre Abunã, no Brasil, e Guayaramerín, na Bolívia; e provavelmente, de uma quarta hidrelétrica na Cachoeira Esperanza, localizada no rio Beni, 30 km acima da sua confluência com o rio Mamoré, no estado de Pando, na Bolívia.
A conclusão deste complexo de barramentos, com eclusas, viabilizaria a operação de uma hidrovia industrial para a navegação de barcaças, com extensão de 4.200 km, permitindo o escoamento de mercadorias, como soja, madeira e minerais, para fora da região amazônica, a partir dos portos do Atlântico e do Pacífico. Outros projetos de infra-estrutura de transporte planejados para a região e relacionados com a proposta logística da hidrovia, incluem a pavimentação da Rodovia Cuiabá-Santarém (BR- 163), no Brasil; do Corredor Norte, na Bolívia; e da Rodovia Interoceânica, no Brasil e Peru.
A expansão da soja é uma das principais conseqüências desses projetos de infra-estrutura,
o que pode levar à conversão de ecossistemas amazônicos pela expansão da fronteira agrícola sobre
florestas, campos e savanas, em uma ecorregião identificada como um centro de diversidade e endemismo de espécies de plantas.
Além do previsível avanço do desmatamento, estão em jogo também: a extinção e redução da diversidade de peixes, em uma área considerada como hotspot de ictiofauna; a acumulação de
sedimentos e de mercúrio em níveis tóxicos nos reservatórios das barragens; e os impactos sobre as
populações ribeirinhas, indígenas e urbanas.
A perspectiva de construção dos megaprojetos no rio Madeira já desencadeou graves conflitos políticos entre o Brasil e a Bolívia, críticas dos movimentos e organizações da sociedade civil dos dois paises sobre a condução do processo de licenciamento ambiental pelo governo brasileiro, e a revelação do envolvimento de empresas acusadas de corrupção.
Fonte:
Fragmento de:
Esta publicação é uma iniciativa das organizações:
Núcleo Amigos da Terra /Brasil
Ecoa – Ecologia e Ação
Both ENDS
Amigos da Terra - Amazônia Brasileira
Instituto Madeira Vivo - IMV
International Rivers Network - IRN
Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira- COIAB
Instituto de Estudos Socioeconômicos - INESC